Acredito que aprendi com meu pai, Gunther Becker, a ter gosto por filmes policiais, e nestes anos todos vi alguns maravilhosos e outro nem tanto.
Hoje em dia, com meu olhar voltado para a Direção de Fotografia, o gênero não é o mais inspirador, mas por quê? Porque considero, de certa forma, que a iluminação neste segmento é mais técnica e pouco criativa, porém neste caso, o texto é tão bom, o grupo de atores é bem conhecido, ou seja, não é uma produção para “fazer dinheiro somente”, e aí sim, posso dizer que a iluminação, embora não seja exuberante, ela tecnicamente muito bem feita.
A trama tem vários caminhos de investigação e muito mistério, nada é tão óbvio, mesmo você podendo desconfiar de todo mundo ao mesmo tempo, aí entra a iluminação, que aqui não é elemento principal, mas ajuda a manter todo aquele espírito de suspense, desconfiança, tensão e medo!
De que forma? A luz nunca é plena, seja em tomadas diurnas, noturnas ou cenas internas, a luz sempre é fosca, sem brilho, sempre falta luz, do ponto de vista de trazer claridade a cena, pois sim, nesta composição de suspense, desconfiança, tensão e medo a luz é fundamental que seja pouca ou não reveladora.
Mesmo nas cenas externas, raramente são com dia de sol a pleno, normalmente nublado, mesmo em uma cena aonde alguns personagens se encontram dentro de um veleiro, a câmera é posicionada em ângulo que não favoreça a vista de um céu azul pleno e radiante de felicidade, isto simplesmente não combinaria com uma trama tão tensa como esta.
Desta forma, mesmo que a luz não seja a estrela do filme, ela é fundamental para a composição da trama e ela foi tecnicamente muito bem aplicada por David Hennings, François Dagenais e Michael Wale.